No dia 24 de Março de 2020 a Junta de Freguesia da Penha de França escreveu no Facebook “Para garantir a saúde de todos e evitar aglomerações, retirámos hoje de manhã os bancos e as mesas da Praça Paiva Couceiro.” Estamos no fim de 2023 e estamos a exgir que nos devolvam o que nos tiraram.
Senta-te aqui. Temos o direito a sentar. A sentar em espaços que não sejam de consumo. Queremos sentar-nos para conversar, descansar, jogar, comer, ler. Usamos o espaço público como um espaço de passagem quando tambem é um espaço de estar. A cidade está desenhada para maximizar o rendimento e a mobilidade. Um banco pode mudar isto. Os bancos públicos são um objeto estrutural à cidade. Mantêm comunidades.
Os nossos bancos são, com o tempo, silenciosamente substituídos por cadeiras de restauração. O espaço público, que é nosso, se não reclamado e ocupado continua a ser privatizado todos os dias. As nossas praças e ruas são ‘‘espaço público de propiedade privada’’ porque estão ocupadas com esplanadas de restaurantes, mupis publicitários, carros.
Dos novos bancos instalados pelas freguesias muitos estão a ficar sem encosto, muitos estão a transformar-se em cadeiras individuais espaçadas, muitos estão agora com apoios de braços que não são para descansarmos os nossos braços mas para não nos deitarmos neles. Os bancos que nos dão, e os que não nos dão, são hostis para pessoas com crianças, em situação de sem-abrigo, idosos, grávidas, todos nós.
@infraestruturapublica
“Estamos a reclamar o espaço que nos foi roubado. Usamos o espaço público como um espaço de passagem quando também é um espaço de estar.”
publicação original: https://www.instagram.com/p/CxH6E9KNIZi/