Cerca de 1000 pessoas manifestaram-se em Barcelos contra o mau cheiro do aterro sanitário. Duas manifestações ocorreram a 3 e 11 de fevereiro 2023.
“Não se consegue respirar. É inadmissível em pleno século XXI termos de levar com isto. Eu não consigo abrir uma janela da minha casa. Não consigo meter roupa a secar ao ar livre.” diz uma habitante da freguesia de Laundos.
“Não consigo fazer nada, não tenho vida!” diz uma moradora com problemas de saúde devido à poluição do aterro.
A empresa Resulima mudou-se para a zona há cerca de um ano. Os habitantes de 11 freguesias de Esposende, Barcelos e Póvoa do Varzim manifestaram-se à porta da empresa, em Paradela.
Os maus cheiros sentem-se a quilómetros de distância de acordo com os habitantes.
“Cada vez que saio de casa de manhã, vomito logo o pequeno almoço! É um cheiro… É um fedor!” diz uma moradora à Sic.
A Câmara da Póvoa pretende levar a questão a tribunal e a junta de freguesia de Lanudos (que encomendou o projecto por 19 milhões, do programa Portugal 2020) fez uma queixa à Comissão Europeia.
A Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N) afirmou que se reuniam as condições para o licenciamento definitivo da unidade. No entanto os moradores afirmam que isto é uma falsidade. Pedem outros métodos para o tratamento dos resíduos.
A Inspeção-Geral da Agricultura, do Mar, do Ambiente e de Ordenamento de Território (IGAMAOT), alegou que não existe uma lei relativa a odores e, portanto, nada pode ser feito.
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Além disto a Resulima está a aumentar as tarifas que cobra às autarquias pela gestão de resíduos. Uma “escalada” de preços, em 2020 a gestão por tonelada era de 1,72 euros, em 2021 a tarifa subiu 7,88, em 2022 foi fixada em 26,49 e em 2023 atinge os 43,82, sendo que em 2024 subirá para 66,17 euros.
Por isso, os autarcas de Arcos de Valdevez, Barcelos, Esposende, Ponte da Barca, Ponte de Lima e Viana do Castelo lançaram um comunicado conjunto e decidiram também solicitar uma reunião à Administração da Estação de Tratamento de Resíduos de Paradela para abordarem a questão dos odores emanados daquela unidade e que têm motivado recorrentes queixas das populações circunvizinhas.
Estes autarcas não são obviamente inocentes, sendo que detêm conjuntamente 49% do capital da empresa. Assim, é obvia a decisão de privatizar a gestão de resíduos, e é obvio também que eles são parte do problema, não da solução.