A 15 de Junho, um dia antes da Marcha, houve um ataque de Ódio contra uma exposição organizada pela Évora Pride. Três homens destruíram a exposição e fizeram um refém, que ameaçaram de morte.
No entanto, o Pride foi celebrado por mais de 350 pessoas nas ruas, pela primeira vez em Évora. “Ninguém larga a mão de ninguém”, combatemos o ódio nas ruas, juntes.
O Évora Pride foi alvo de um ataque declarado de Ódio que culminou na vandalização da exposição “Missiva de Amor e Ódio”, na Igreja de São Vicente.
Se há coisa que esta ação demonstra é que este trabalho agora começado é necessário. A luta contra a homofobia, transfobia, bifobia, interfobia e todas as formas de discurso de ódio é urgente, válida e começa agora!
O Évora Pride chegou para ficar nesta cidade, e contra todo o ódio estamos aqui para continuar a espalhar AMOR e LIBERDADE.
Informamos que todas as atividades do Évora Pride irão decorrer dentra da normalidade conforme estão planeadas. Aliem-se a nós! Vamos mostrar que existimos, estamos, somos humanos, pessoas, e continuaremos a lutar por uma sociedade mais justa para todes!
15 de Junho. Comunicado do Évora Pride
A Comissão Évora Pride
A Dezanove noticiou o acontecimento reportando que “a uma rádio local, Rolando Galhardas, da comissão organizadora, contou que durante a invasão os três homens fizeram refém o funcionário municipal que se encontrava no local, agredindo-o verbalmente, coagindo e ameaçando.”
Já se passaram uns dias desde que terminou a 1ª Edição do Évora Pride, e que 1ª edição que foi. A cidade de Évora abraçou o movimento LGBTQIA+ e juntou-se a nós na nossa programação e aliou-se visivelmente à nossa 1ª Marcha de Orgulho, onde lado lado, caminhámos por uma Évora, um país, um mundo mais igualitário, mais livre, mais pleno e mais empático. Lutámos pelo direito a amar em plenitude, pelo direito à singularidade, pelo direito a cuidados de saúde, por espaços de pertença e por mais visibilidade.
Este 1º Évora Pride ficou também, infelizmente, marcado, pelo ódio, pela LGBTQIA+FOBIA, pela ignorância e pela intolerância, reafirmando para toda a comissão e para toda a cidade a necessidade desta luta. Tentaram silenciar-nos e intimidar-nos mas aqui ninguém largou a mão de ninguém e juntos tornámo-nos um escudo impenetrável de amor e cor.
Queremos agradecer profundamente a onda de amor a nível nacional que nos atingiu e todas as palavras de apoios e notas de repúdio que foram partilhadas em relação aos atos criminosos de vandalismo e ódio.
A comissão Évora Pride termina esta edição de coração cheio e consciente do caminho que temos para fazer, assumindo o compromisso de continuar um trabalho de sensibilização, educação e empatia na cidade de Évora
Sempre cá estivemos. E sempre cá estaremos.
Ninguém larga a mão de ninguém
A comissão Évora Pride
A Dezanove escreveu que:
Esta exposição aconteceu na Igreja São Vicente de Évora:
“Actualmente, a Igreja de São Vicente, património da cidade de Évora, serve de sala de exposições temporárias, encontrando-se afastada do culto religioso”, como tal, a organização do Pride Évora confirmou que teve a autorização da Câmara Municipal de Évora para o evento.Confirmamos, infelizmente, nas redes sociais, os constantes ataques à comunidade LGBTQIA+, dizendo que foi o facto de terem realizado a exposição numa igreja, que levou a que o espaço fosse vandalizado, tal como se culpam as mulheres, que usam mini-saia, de serem assediadas e/ou violadas, é a velha expressão “estavam mesmo a pedi-las”.
Na verdade, importa realçar que a destruição da exposição não aconteceu no escuro da noite, aconteceu às 13h00, do dia 15 de Junho, e destacamos a agressão do funcionário da Câmara, que estava presente e que foi ameaçado de morte, tendo sido feito refém, para que três homens destruíssem os artigos expostos.
Évora: “Missiva de Amor e Ódio” – Dezanove
Como explicar estes actos de ódio e como existem, sequer, pessoas que o justificam?
Entretanto, numa cómica reação, a Igreja disse que a mostra LGBT “parece pouco sensata e reveladora de pouco respeito pela sensibilidade de muitos cidadãos” ao mesmo tempo que lançou um comunicado em que “repudia liminarmente qualquer atitude de intolerância…”
Notícia da Lusa:
15 junho 2023
Três homens vandalizam exposição sobre comunidade LGBT+ em Évora
Quase todas as peças expostas ficaram destruídas. Os três homens responsáveis pelo ato colocaram-se em fuga, revelaram fontes da organização, da câmara e da polícia
Uma exposição que propunha uma reflexão sobre o ódio em torno da comunidade LGBT+, em Évora, foi hoje vandalizada por três homens, que se colocaram em fuga, revelaram fontes da organização, da câmara e da polícia.
A mostra integrava o programa da 1.ª Évora Pride, que está a decorrer, até domingo, na cidade alentejana, organizada em parceria pela Sociedade Harmonia Eborense, Núcleo Feminista de Évora e Associação Évora Queer.
Em declarações à agência Lusa, Rolando Galhardas, da Comissão Organizadora da Évora Pride, indicou que três homens entraram na Igreja de São Vicente, propriedade do município e onde se encontrava exposta a mostra, e vandalizaram os trabalhos.
“Fizeram ainda refém o funcionário da câmara que se encontrava no local. Foi agredido verbalmente, coagido e ameaçado”, referiu.
Também em declarações à agência Lusa, o vice-presidente da Câmara de Évora, Alexandre Varela, condenou o que considerou a “tentativa de sobreposição, dominação e intolerância” em relação à comunidade LGBT+ (lésbicas, ‘gays’, bissexuais, transgénero e outros).
“Foi um ato absolutamente condenável relacionado com intolerância, neste caso, aparentemente, de natureza sexual, que é, obviamente, abominável. Num Estado de Direito, não podemos tolerar situações destas”, afirmou.
O autarca realçou que o caso “foi entregue às autoridades policiais e judiciárias”, salientando que, apesar de a PSP já ter estado no local, “é provável” que a Polícia Judiciária assuma a investigação, “tendo em conta a natureza dos ilícitos criminais”.
Contactada pela Lusa, uma fonte do Comando Distrital de Évora da PSP limitou-se a adiantar que a exposição foi vandalizada e que a Polícia está a investigar o caso.
Nas declarações à Lusa, Rolando Galhardas, da Comissão Organizadora da Évora Pride, disse que a exposição se intitulava “Missiva de amor e ódio” e reunia trabalhos de pintura, fotografia, escultura e gravura da autoria de vários artistas.
“Ficou praticamente tudo destruído. Sobreviveram poucas peças. Foi uma tentativa declarada de nos assustar e causar medo através do ódio”, lamentou.
A Évora Pride começou na terça-feira e, até domingo, estão exposições, concertos, performances, conversas, ações de sensibilização e uma marcha do orgulho.